Em tempos tão difíceis, com o custo de vida aumentando e milhares de famílias vivendo em condições precárias, a pergunta que não quer calar é: por que ainda há tanta demora nos programas habitacionais?
O Brasil já possui ferramentas poderosas para enfrentar o problema da falta de moradia. O Governo Federal tem o programa Minha Casa, Minha Vida, o Estado de São Paulo criou o Casa Paulista, e a Prefeitura da capital lançou o Pode Entrar – Entidades. Mas de que adianta termos leis e projetos se a lentidão, a burocracia e a má vontade de alguns técnicos emperram o sonho de quem mais precisa?
A realidade é dura:
- Famílias com filhos pequenos vivendo em áreas de risco;
- Pessoas pagando aluguéis abusivos ou morando de favor;
- Gente que luta, participa de reuniões, organiza documentos e… fica esperando anos por uma resposta que não vem.
A culpa não é da população. O problema está na estrutura.
Muitos funcionários e técnicos das esferas públicas simplesmente não reconhecem o valor das organizações sociais e dos movimentos populares. Ignoram que são essas entidades que mobilizam, organizam e ajudam o povo a ter acesso à informação e ao direito de morar com dignidade. Falta parceria de verdade — sobra papelada inútil.
É hora de abrir as portas!
Precisamos de uma ampliação real e corajosa dos programas habitacionais. Não apenas aumentar o número de casas, mas também:
- Desburocratizar os processos;
- Criar canais diretos com as entidades sociais;
- Acelerar as análises técnicas e liberações de terrenos e projetos;
- Respeitar quem está na linha de frente da luta por moradia.
Moradia é mais do que teto. É dignidade, é paz, é futuro!
Os governos federal, estadual e municipal precisam ouvir mais e travar menos. Porque quem está lá na ponta — a mãe solo, o trabalhador informal, o idoso sem aposentadoria — não pode esperar por pareceres que demoram anos. A fome, o aluguel e a chuva não esperam.
Chega de prometer — é hora de realizar!
Os movimentos de moradia não pedem favor. Lutam por um direito garantido na Constituição: o direito à moradia digna. E só com respeito, diálogo e ação prática vamos avançar.
Quem constrói a cidade de verdade é quem mora nela.
Emerson Nunes de Oliveira
Professor, presidente da ASPD – Associação São Paulo Diferenciado e jornalista